Via sonda
Sonda… Palavra de meandros insondáveis, quer substantivo ou verbo.
Não havia ainda sido apresentada a uma sonda. Assim, presencialmente, com explicação de como limpar o entorno, os pontos no pescoço do meu gato Feliz, foi no último dia 12 que aconteceu.
Feliz, um jovem e lindíssimo gato negro, cujo nascimento é estimado por volta de 22 de fevereiro de 2020, já que um mês após essa data ele foi abandonado no jardim da minha casa sob um temporal, teve a chamada “tríade felina”.
Embora eu identificasse as palavras, quando ele foi diagnosticado e o veterinário pacientemente me explicasse que o quadro era de internação e, talvez, cirurgia, tentava entender o que de fato fizera o meu Feliz parar de comer inclusive a guloseima que ele ama: patê com caldo.
Depois de uma informação profissional, eu me despedi de Feliz – que ficou internado – e, então, a partir de uma quinta-feira em que eu ainda me recuperava de uma baita dengue que me acometera, fui – acompanhada de um irmão mais velho – buscar o meu gatinho.
Durante a explicação de uma receita enorme com uma série de medicações a serem ministradas via sonda e, ainda, os medicamentos tópicos que eu deveria adquirir – caso não os tivesse em casa – para realizar a higienização da região dos pontos, a veterinária que fazia a liberação do meu bichano pediu-me que o segurasse e foi fazendo o trabalho com a medicação, a higienização, a troca da gaze, da faixa, a colocação do colar elisabetano e, finalmente, gato Feliz no transportador – no qual ele e todos os demais entram com uma rapidez incrível quando estão na clínica! Risos! – conta gigantesca paga: incluindo os dias de internação, medicação ministrada no período em que ele esteve na clínica e tudo que eu precisava comprar (porque estava receitado) e que havia lá na clínica mesmo, viemos para casa.
Deixei Feliz em um espaço meio que de solitária, embora ele não tivesse cometido nenhum crime, e peguei a receita com calma para estudá-la. Isso mesmo: estudar a receita. Eram tantos medicamentos, tantas recomendações, que o caminho era esse. Planilhar para não errar horários, dosagens, medicações.
Várias coisas me preocupavam. Uma delas é que já era início de noite e a recomendação era que eu iniciasse o tratamento medicamentoso imediatamente. Porém, uma informação em destaque me alertava que eu passaria muitas noites em claro enquanto a medicação passava via sonda: cada remédio a ser ministrado pela sonda o tinha que ser com o intervalo de uma hora! Outro detalhe de relevância é que apenas alguns dias da semana eu teria alguém para me ajudar a segurar o Feliz enquanto eu higienizava e trocava gaze e faixa no entorno aos pontos da sonda.
Então, a partir do dia 12 deste mês, eu comecei a ministrar via sonda: Gaviz, Ondansetrona, Agemoxi CL (esse com o estômago do animal cheio), Ursacol e Glutamina. Isso tudo sem contar com a alimentação de 4 em 4 horas e que também tinha que ser via sonda, enquanto o animal não fizesse o próximo ultrassom.
Cada medicação com a sua dosagem, com a sua particularidade e eu passando a me sentir muito confortável com a sonda. Afinal, se não houvesse obstrução, tudo seguiria a normalidade e a medicação indo diretamente para o estômago de Feliz e fazendo o efeito desejado para a plena recuperação de um dos meus 15 bichanos.
Finalmente, chegou o dia do novo ultrassom. Ele tinha feito um durante a internação, o que fez com que ele fosse restituído a mim com a barriga e uma pata depiladas; a barriga, para o ultrassom, propriamente; a pata, para o soro, porque ele chegou já debilitado à clínica, depois de 2 dias sem comer absolutamente nada do que lhe era oferecido.
Na maravilhosa clínica em que os meus animais fazem as suas imagens – dá até vontade de ser uma gata! – Feliz faminto, porque tinha que ir em jejum, miava alto e de uma forma estranha. Meu coração cortava por vê-lo com uma sonda, com fome e ainda seguro pelas patas traseiras, dianteiras e com uma melequinha gelada sendo esfregada na barriga raspada. Enfim, totalmente desprotegido para o instinto animal dele, mas me ouvindo falar o tempo todo e de forma ininterrupta: “Já está acabando!”. Mais como autoconvencimento, porque a minha agonia era – talvez – do tamanho da dele.
A boa notícia foi que, durante esse novo ultrassom, a médica veterinária responsável avisou que o estômago do Feliz não tinha mais o bolo de pelo que o havia adoecido e feito parar de comer, culminando na colocação da sonda para o tratamento.
A notícia maravilhosa veio acompanhada da informação que eu já poderia tentar fazê-lo comer autonomamente, com algum alimento que fosse do agrado dele, assim que chegássemos em casa.
A sugestão foi seguida ao pé da letra: assim que Feliz saiu do transportador e foi deixado no piso já no espaço de sua reclusão, abri dentro de uma vasilha um sachê ou patê com caldo que ele ama. O bichano faltou voar sobre mim enquanto eu preparava o alimento pra ele. Começou lambendo o caldo como se estivesse há um ano sem comer. Até fiquei com receio que ele engasgasse. Que nada! Comeu tudo e ainda queria mais. Controlei o apetite dele; afinal, havia uma medicação para ser ministrada dali a algumas horas e que demandava o estômago cheio.
Boa parte das medicações seguiu e ainda segue sendo ministrada via sonda. Em que pese a praticidade de se medicar a um gato por esse meio, não vejo a hora de Feliz voltar a escalar as redes de proteção e a trocar tapas com os demais felinos do ambiente, totalmente livre de sonda, colar e medicação com hora marcada!
MoBa NePe Zinid – 26 maio 2022.
Fico feliz que Feliz tenha se livrado da sonda, afinal acho que com sonda “não dá pra ser Feliz”.
Oi Rafael,
Feliz ainda não se livrou da sonda!…
Mas já está quase chegando o dia de ele voltar a ser feliz. Rs.
Obrigada por sempre estar presente!
Tenha um lindo fim de semana!
Que alegria saber da recuperação de Feliz!
É incrível como sentimos o que passa com os bichinhos como se fosse conosco. Espero que Feliz se livre da sonda o quanto antes, e você, das planilhas!!
Um beijo!
Querida Rafaela,
Feliz e eu estamos livres! Ele, da sonda, embora siga com o colar; eu, das planilhas!
Dá uma sensação de dever cumprido, incrível!
Obrigada pelo carinho!
Bjs amigos desde BH diretamente para Lima!!
Querida Moba, só quem já passou por situação semelhante aprende que é uma situação…simplesmente complexa.
Quando leio seu relato de que falava com Feliz durante os exames, revejo cenas de mães humanas conversando com suas crianças durante um exame, uma consulta, ou como tem sido veiculado pela mídia televisiva, hora da vacina.
E aqui deixo minha confissão, que poderá ser alvo de muitas críticas, e todas por mim respeitadas: sou mãe de bicho: cães; gatos; uma maritaca que ficou feliz e saltitante quando recebeu uma visita sua, e sei que o amor doado a cada um dos seres, ditos irracionais, que chegam às nossas famílias peludas e ‘penudas’, ensina a cada um de nós, a amar incondicionalmente.
Feliz é um privilegiado, achou uma família, recebe amor e cuidado, e dia virá que a humanidade entenderá que a forma como trata seus animais é o retrato fiel do estágio de sua evolução.
Bênçãos a todos os seus quinze bichanos!
Querida mana espiritual Lílian,
obrigada por vir ler meu texto e por dedicar o seu tempo à escrita de palavras tão sinceras!
Que delícia saber que a “tataquinha” segue saltitante aí com você e sua família!
Sou grata a você por palavras são amáveis e pelas bênçãos aos meus bichanos!
Espero rever a todos vocês em breve! Peludos e não peludos! Rs.
Beijos no coração e que tenhamos um fim de semana magnífico,
mana espiritual MoBa
Eu nem gosto de saber dessas coisas por ficar com o coração partido em ver esses animaizinhos sofrendo, sem poder dizer o que sentem… apenas reagem, mas, muitas vezes, as pessoas não percebem. Eu, depois de criar e viver com tantos cachorrinhos, resolvi desistir depois do último que ficou comigo durante treze anos e precisei mandar sacrificar. Já se vão sete ou oito anos que isso ocorreu, mas, ainda hoje, de vez em quando, lembro dele pulando nas minhas pernas e sempre me chamando para brincar…
Felizmente, Feliz tem uma “mãe” maravilhosa!
Querido Ronaldo,
além de sermos do mesmo dia, temos sentimento semelhante quanto aos cães: também não pretendo tê-los mais, porque os dois últimos viveram muitos anos em minha companhia e deixaram um vazio enorme ao partirem! Estopinha viveu 21 anos, 11 dos quais comigo, depois que eu a adotei; London, 16 anos e 8 meses, partindo como minha última lembrança de um presente de meu falecido marido e dos meus colegas do serviço.
Obrigada por dizer que a “mãe” do Feliz é maravilhosa! Eu me empenho!
Que tenhamos um fim de semana alegre como os animais amados!
Beijos no seu coração!
Dá uma aflição ver os bichinhos sofrerem…
Resgatei minha Docinho das ruas há seis anos, toda rasgada por um cachorro.
Peguei para cuidar até seu restabelecimento e, a partir daí, procurar uma adoção para ela.
Por fim, ela que me adotou ❤
Querida Lucimara,
realmente, o sofrimento deles nos aflige muito!
Fico imaginando o quanto a Docinho a ama e, também, na sorte que ela deu por encontrar em você o amparo de que ela precisava.
Quando eles nos adotam, é sinal de confiança e amor incondicionais. Ela fez uma excelente escolha!
Parabéns por amar e ser amada por Docinho!
Que tenhamos um fim de semana maravilhoso!
Beijos no seu coração!
É amiga, lendo o seu relato eu senti o transbordamento do seu amor por esses felinos e tenho certeza que esse amor é recíproco: entre você e seus filhos “gatíneos”.
Que Feliz fique rapidamente bom e feliz para deixar mais feliz a “mamãe” dele.
Beijos no coração.
Querida amiga Zila,
Feliz já está 100% recuperado, graças a Deus!
Ainda mantenho o colar elisabetano, porque ao tirá-lo do pescoço do bichano, ele enfiou as unhas sem dó no local recém-cicatrizado e, como corria o risco de a pele vir a sangrar, preferi esperar um pouco mais para deixá-lo livre também do colar. A sorte é que a medicação terminou há alguns dias e, com isso, a minha qualidade de sono melhorou muito.
Estamos ambos felizes!
Tenha um lindo fim de semana!
Beijos no seu coração!