Queria falar uma coisa, mas esqueci!…
Quem nunca? Nunca o quê? Disse essa frase? Se não disse, quase certo que ainda vá dizer.
Acontece-nos e é algo – até certo ponto – normal. Temos inúmeras informações sendo processadas em nosso cérebro o tempo todo; podemos estar estressadas(os) ou, então, foi algo tão efêmero e desprovido de importância, que passou; talvez volte, talvez falemos a quem importe ouvir o que, de fato, tínhamos para dizer.
Os esquecimentos ou lapsos de memória em uma certa idade, costumam ser vistos como algo extremamente dentro do padrão de normalidade para aquela dada faixa etária. Todavia, à medida que vamos avançando nos anos, isso começa a ser visto com mais e mais preocupação. Eu, por exemplo, que no próximo outubro chegarei – com as bênçãos de Deus – na marca inesquecível dos 60 anos, já começo a procurar um(a) geriatra que possa acompanhar os meus esquecimentos. Explico-me: esquecer de pagar uma conta, mesmo tendo o dinheirinho reservado pra isso; esquecer aonde estava indo e fazer o quê, dentro da própria casa; esquecer uma panela no fogão com o fogo aceso até que o odor de comida queimando chame a atenção (inclusive dos vizinhos) etc.
Revista de ampla circulação, recentemente, trouxe reportagem acerca do Alzheimer. Comprei mais porque o faço mensalmente do que propriamente por curiosidade, já que quando a minha mãe foi diagnosticada com essa doença em 2009, eu passei a ler e a pesquisar o assunto e me inteirei de uma série de coisas: umas verdadeiras, outras apenas fakes. Não que com isso eu tenha passado a me considerar uma expert no tema; longe disso! Entretanto, como a maioria das reportagens, notícias ou mesmo obras de mais fôlego repitam boa parte daquilo que já lemos, eu não esperava novidades. Porém, a surpresa que tive foi a pior possível: a de que órgão responsável pela liberação de medicamentos no país norte-americano, onde mora uma de minhas irmãs, liberou sob suspeição uma medicação que atacaria as placas que se formam no cérebro e que se pensava até então que seriam as causadoras do Alzheimer. O porém é que, de fato, essa determinada droga atua sobre essas placas, mas não “cura” a doença e ainda traz inúmeros prejuízos em termos de reações adversas ou efeitos colaterais e, durante a fase de testes, chegou a provocar óbitos.
Mas o que me causou horror foi a informação de que teria havido corrupção junto ao órgão responsável pela liberação de medicamentos naquele país. A que ponto chegamos, minha gente? A vida humana está sendo sucateada em prol de milhares de milhões de dólares, é (ou sempre foi) isso?
Entristece-me saber que até a ciência esteja sendo alvo de ações espúrias e antiéticas como essa de que fala a revista. Ter chegado a uma faixa etária em que o autocuidado me obriga a consultar um(a) geriatra e correr o risco de receber uma receita que traga nos bastidores a podridão humana. Não sei se vale a pena tanta exposição. Não sei se devemos nos envolver e aceitarmos ser partícipes, mesmo que indiretamente.
O que eu tenho certeza é que posso e devo continuar ativa, evitando excessos, cuidando para que os lapsos não causem danos nem a mim nem a outrem. Tentando fazer do bom humor e da alegria de viver, parceiros, companheiros diários. Seguir sendo produtiva para mim e para os que estiverem no meu entorno (ou mesmo longe de mim, já que a distância é relativa; pode ser geográfica, mas o coração sente a proximidade do outro!). Enfim, viver e fazê-lo intensamente: aprendendo a pilotar motocicleta nesta idade, tocando o meu cavaquinho, escrevendo (muito!!), lendo (ainda mais), cuidando dos meus animaizinhos de estimação – que são um alento em minha vida há anos – e totalmente dependentes de meu cafuné, posto que água e comida a minha auxiliar pode dar a eles sem titubear; estes últimos, assim como as minhas plantas, abarcam boa parte das minhas ocupações diárias, embora estejam meio que me impedido de me ausentar de casa de forma mais demorada. Mas, em tempos de pandemia, quem quer sair viajando por este mundão afora, não é mesmo?
Até a próxima postagem, pessoal!! Tentando me lembrar aqui do que é mesmo que eu quero falar no mês que vem…
MoBa NePe – 18 fev. 2022
Querer sair, a gente quer, mas não pode. O jeito é buscar ocupações em casa. E o que parecia ser insuportável por um mês, virou dois anos.
E a gente vai levando, talvez lembrando de uma coisa aqui outra ali.
Oi Cida,
primeiramente, a consciência de coletividade, não é mesmo?
Obrigada pela leitura e pelo carinho de interagir comigo!
Quando passar esse ou essa “pesademia”, “pandelo”, a gente se encontra todos os dias para descontar o período de abstinência de prosa boa presencialmente!
Abraço virtual repleto de boas energias,
MoBa
Como sempre, um texto inteligente e muito reflexivo. Parabéns!
Oi Almira,
obrigada pelas palavras amáveis!
Cada leitor que me traz o retorno da leitura feita, é um aprendizado!
Sigamos “intertextuais”.
Abraço virtual e muita energia boa,
MoBa
Ahhhhh eu queria comentar alguma coisa, mas esqueci!
(…)
Lembrei: adorei o texto!!!
Oi Liliane,
nova demais pra se esquecer de qualquer coisa!
A d o r e i!!!
Bom humor é tudo!! Rs.
Obrigada pelo carinho e por dedicar o seu tempo de mamãe da Clara para vir ler as minhas quase memórias.
Abração repleto de luz,
MoBa
Menina, adorei o texto! Como sempre, leio tudo que vc escreve. Vc é genial! Já lhe disse pessoalmente, né?
Oi Lair,
saudades de você demais da conta!!!!
Um elogio desses e vindo de um ex-revisor de minhas primeiras garatujas, fez eu ganhar não apenas o fim de semana, mas o mês inteirinho!
Você é muito condescendente comigo.
Tenho sentido muita falta de sua cultura para eu melhorar a minha!
Agradeço-lhe a leitura e, claro, as doces palavras!
Abração repleto de boas energias,
MoBa
Legal, Nikinha!! Confesso que também sofro com alguns lapsos de memória, mas sempre foi assim! Minhas contas? Jamais esqueço de pagá-las. Ainda mais agora com aplicativos que nos permitem quase tudo. Agora, como prevenção – afinal, se vc está chegando à “memorável idade dos 60”, dela já passei há algum tempo -, algumas faturas vão para o débito automático e outras, eu programo o pagamento na medida em que chegam.
De resto, a gente vai levando…
Tinha muito ainda para falar sobre seu texto, mas deixa para depois.
Só devo acrescentar que me senti diretamente atingido quanto à distância geográfica! Ela não me faz esquecer você… bjs
Oi Ronaldo,
um boa orientação. Tenho tentado seguir isso que você disse, quanto ao DA para algumas contas, e até ponho lembretes no celular para não me esquecer das que me cobrariam juros e correções (que eu odeio pagar!). Mas de vez em quando surgem novas contas e essas… Deus me livre! Rs.
Sim, meu querido, a distância não nos impede de nos lembrarmos com frequência das pessoas, sobretudo aquelas que aniversariam no mesmo dia que a gente! Kkkk…
Obrigada pelo carinho de, mesmo atarefadíssimo em final de semestre, dedicar o seu precioso tempo para vir interagir aqui comigo neste espaço virtual em que me expresso com uma periodicidade que tenho procurado manter mensal. É um enorme incentivo!
Abração e vibrações energéticas com muitas luzes coloridas,
MoBa
Adorei o texto. Parabéns, Mônica.
Oi Jacira,
saudades de você!
Muitas saudades!
Dois anos completinhos sem visitar você e receber o seu tratamento maravilhoso!
Obrigada pelo carinho de sempre vir visitar e ler os meus textos!
Você é especial.
Abraço virtual repleto de luz,
MoBa
É amiga, como eu sempre falo, passar a curva dos 60 não é fácil, mas aprendi que também é compensador, pois me sinto mais livre para redescobrir a vida.
Que os esquecimentos sejam bem esporádicos e a saúde mental seja sempre uma constante.
Adorei a reflexão.
Oi amiga Zila,
chegará um tempo em que os nossos 4 anos de diferença na idade nem terão muito peso mais…
Que as suas palavras sejam proféticas!
Fico muito feliz que tenha gostado do meu texto!
Abraço virtual repleto de boas energias,
MoBa
Bom Dia Mônica,
O meu avô paterno teve Alzheimer e também fiquei surpreso com a liberação desse medicamento, principalmente pela forma como aconteceu. Creio que a mercantilização da saúde provoque essas aberrações, por isso precisamos pensar em alternativas.
Abraço Fraterno,
Bernardo Falcão
Oi Bernardo,
sinto muito pelo seu avô paterno!
Se houver um caminho alternativo, certamente, haveremos de encontrá-lo e de desfrutar das benesses que nos traga!
Vamos desbancar a ganância dos laboratórios farmacêuticos desprovidos de ética profissional. Na torcida aqui por isso!
Obrigada por sua leitura, seu comentário; enfim, por interagir com todos os leitores que acessam a este espaço de diálogo!
Abraço fraterno e muita luz neste terceiro mês do ano,
MoBa
Ei Mônica, excelente e importante texto para ativar as nossas lembranças.
Outro dia lendo um texto da Cristina Serra (na Folha) onde ela descrevia a situação porque passou uma influenciadora digital quando tentava ter um parto normal. Li a descrição a seguir do comportamento, nada ético, atribuído ao médico:
“Ele xinga e humilha a jovem durante o trabalho de parto.”
Cristina Serra terminou escrevendo assim:
“É preciso entender como médicos se tornam monstros”.
Ao que respondi assim:
Cara Cristina, se for feita uma pesquisa sobre os motivos que levaram ou levam algumas pessoas a cursar Medicina, acredito que você terá a resposta para sua pergunta: “como médicos” e médicas “se tornam monstros?” Muitos(as) ou talvez a maioria apresentarão motivos nobres que os(as) levaram a buscar a profissão. Mas acredito que também muitos(as) – ainda bem que a minoria – não saberão dizer porque a escolheram.
O que isso tem a ver com seu texto?
Ora, como você disse: “Entristece-me saber que até a ciência esteja sendo alvo de ações espúrias e antiéticas”.
Cara amiga, a meu ver, na base de tudo isso está o capitalismo, que é movido – lógico – pelo capital e o poder econômico.
Não se esqueça, quanto mais produção mais dinheiro, não importando se para isso:
• Receitem um remédio caro e ineficaz ou caro e nocivo à saúde (aqueles prescritos pelas fabricantes de remédio e receitados por aqueles “profissionais” que se sujeitam ao sistema da indústria da “saúde”);
• Vendem frutas e verduras com agrotóxicos proibidos em outros países (afinal o Agro é Pop! slogan que se ouve e se vê todo dia na Globo… Isso eles não deixam a gente esquecer). Vale lembrar também as florestas devastadas para criar gado… aqueles que emitem o gás metano, e que não custa lembrar contribui para o efeito estufa e o aquecimento global;
• Inundam uma cidade inteira, seus rios, sua flora, suas casas e as pessoas que nelas moram, com lama de rejeitos da mineração e depois fazem propaganda de seus reparos “sociais” nas tvs, rádios e mídias sociais (esses meios de comunicação, claro, recebem muito “din din” para isso). VALE dizer que a mineração é muito importante para o PIB nacional. VALE lembrar também que muitos fazem filas querendo um empreguinho lá… na fábrica de lama. VALE ressuscitar a memória, que se perdeu e com isso esmaeceu as vidas.
Afinal… já se passaram mais de 3 anos desde aquele 25 de janeiro de 2019.
E também, como contrapartida vamos ganhar mais de 30 BI para construir um belo de um rodoanel. VALE enfatizar que por ele será muito mais fácil transportar as riquezas das Minas Gerais para outras capitais e até para outros países. A China, é um dos maiores compradores (para que lembrar que eles também são comunistas!).
Até a Vale vai se valer. VALE tudo para se viver! Ela diz que Renova.
• Começam uma guerra lá do outro lado e isso afeta todo o mundo, o preço do petróleo, as commoditys, os remédios, gasolina e tudo o mais. É o capitalismo e poder econômico reinando em um país comunista. Lá onde um presidente anticomunista de um país de golpistas, foi passear e colocar uma coroa de flores no túmulo de um “soldado desconhecido”. Se me lembro bem, acho que o soldado era comunista!
Mas o capitalismo e o neoliberalismo são pragmáticos, objetivos e se dão bem com qualquer um, mesmo que estes sejam adeptos de um fascismo ou nazismo dissimulados.
Afinal, para o mundo virtualmente contemporâneo e digital, melhor esquecer da história… e, para que mexer nas memórias?
Opa!!! Esqueci… tinha de fazer um depósito (coisa mais antiga!).
Lembra? Eu não uso PIX pô!
Vou ligar para meu amigo e pedir mais um tempo.
Tudo isso só para lembrar… porque o capitalismo faz questão de fazer a gente esquecer:
“não sois máquina”, minério de ferro “é que sois”, que vais viajar pelo mundo e virar máquina,
para só depois voltar, “a que ponto chegamos”… e virar sucata.
Um abraço Mônica,
e desculpe pela minha dificuldade com a síntese.
Rafael.
Querido Rafael,
obrigada pelo comentário – uma crônica também! Rs – e, claro, valeu demais da conta você nos lembrar – a todos nós leitores, dos desmandos que há no mundo contemporâneo. A lembrança anda meio apagada; anda meio comprometida… Talvez valha você passar mais vezes aqui e dialogar com esse seu poder de não síntese. O mundo se resumiu às abreviações do WA. Que bom que ainda tenhamos um lugar para escrevermos sem peias!
Receba o meu abraço virtual,
MoBa