Não me jogue fora!
“Tô velho, mas tô vivo!”. Essa deveria ser a fala de cães e gatos (para não falar dos animais de grande porte, tais como burros, cavalos, leões, chimpanzés etc.) que, ao envelhecerem, acabam sendo jogados fora – literalmente –, por alguns desalmados “donos”. Aliás, alguns chegam a abandonar seus companheiros e ganha-pão quando consideram que estão imprestáveis.
Não é comum que animais já decrépitos, dependentes em uma extensão diferente e exacerbada, sejam adotados. Se já é difícil quem aceite e realize a adoção de filhotinhos, normalmente, lindinhos e pequenininhos a ponto de poderem ser levados para qualquer lugar na companhia do dono, que dirá de um animal adulto e necessitado de medicação, atenção redobrada e, claro, muita paciência!!
É triste ver perambulando pelas ruas de algumas metrópoles, animais que, muito provavelmente, um dia tiveram um lar, um abrigo. Receberam atenção, alimentação, carinho e, claro, amaram incondicionalmente os seus companheiros humanos. Os mesmos que, quando viram nesses animais um entrave para viajarem (para se divertirem em vez de se ocuparem com medicação com hora marcada), se negaram a gastar alguns tostões a mais com um tratamento especializado, pensando em ter dinheiro para mais uma viagem; exatamente aqueles que findam por abandonar seus pets à própria sorte.
O ser humano é o racional. Raciocina e, apesar disso, mostra-se desalmado. Sem compaixão. Não pensa, algumas vezes, na miséria animal. O irracional, aquele que alguns consideram inferior à raça humana, acompanha a um mendigo; a um pária da sociedade. Fica ao lado até mesmo daquele que não tem comida para lhe dar, mas tem afago, uma palavra para lhe dirigir, mesmo que não seja doce ou carinhosa, voltada a essa criatura de Deus que, na sua benevolência, passou a conviver com os racionais em troca de restos de comida para a própria sobrevivência.
Algumas pessoas – as mais fatalistas ou radicais – devem estar se dizendo: “romantizou demais”. Tem animal que é feroz; ataca sem piedade e estraçalha! Daí eu pergunto: “Esse animal nasceu assim? Ou a ferocidade humana o/a transformou?”. Se nasceu assim, como é o caso dos leões, por que tinha que ser domesticado para proporcionar dinheiro aos seus “donos”? Os irracionais não pensam deliberadamente em fazer o mal a outrem. O ser humano sim. Os cães, os gatos e outros animais que costumamos ter à nossa volta, para o nosso convívio harmônico, só matam se for para se alimentarem. O ser humano, não. Os irracionais vivem em bandos, normalmente, protegendo-se uns aos outros, principalmente dos predadores. O ser humano nem sempre protege uns aos outros – vide a atual conjuntura pandêmica.
Sem mais delongas: vim para este espaço virtual hoje especialmente em defesa dos animais irracionais que tanta alegria nos dão ao longo da vida. Então, por que não lhes restituímos com juros e correção pelo menos uma pequena parcela quando eles conseguem chegar à velhice? Sim! Eles se tornam dependentes. Eles passam a não mais enxergar. Alguns ficam surdos. Outros não têm mais mobilidade condizente com a vida dinâmica que tiveram. Uma parcela sofre com todas essas limitações ao mesmo tempo.
Quem já leu o livro “Marley e eu. A vida e o amor ao lado do pior cão do mundo” de John Grogan, saberá perfeitamente o que significa o subtítulo da obra e terá entendido o enorme amor do companheiro humano desse cãozarrão – por ele –, até os últimos instantes da relação de fidelidade entre eles.
Finalizo este pequeno texto com um singelo comentário, seguido de um pedido. Se um cão (ou uma cadela), um gato (ou uma gata) tivesse o poder de adotar você quando você era pequenininho/a, muito lindinho/a; acompanhasse seus primeiros passos; estivesse com você em sua adolescência; também quando você talvez tivesse uma prole, você gostaria de, ao chegar à velhice, já surdo/a, meio cego/a, sem saber onde fez as suas necessidades, precisando de ser medicado/a, que esse animal irracional o/a abandonasse? O/A jogasse fora como se faz com um traste velho que não vale absolutamente mais nada? Acredito que não, certo? Então! Não faça ao outro aquilo que você não gostaria que ele/ela lhe fizesse! Mesmo que esse outro seja um animal irracional e que a possibilidade de ser esse animal a adotá-lo/a (a você, ser humano), seja mera ficção de minha parte para mostrar a você que, ao fim e ao cabo, somos todos dignos de compaixão! Ame o seu animalzinho de estimação. Mostre – de fato – a sua estima por ele, mantendo-o ao seu lado até o momento em que chegar a vez de ele ir embora, porque é chegada a hora. Mas que essa partida seja vendo ou sentindo a sua presença ao seu lado.
Moba Nepe Zinid – 21 julho 2021
Que texto, Moba! Tão importante quanto triste a realidade dos animais abandonados. Dentro do meu contexto urbano, me dói o coração presenciar, rotineiramente, o descaso das pessoas e do poder público diante dessa situação tão trágica. Tenho a companhia de uma cadelinha idosa e sempre penso no quanto tem sido fundamental nos acompanharmos nos dias diante dos desafios que a velhice nos trás. Sua reflexão é um apelo pelo resgate da famigerada humanidade em nossas existências. Muito necessário. Obrigada.
Querida Bruma,
obrigada por sua leitura e também por suas palavras, igualmente, tão importantes em termos de reflexão!
Parabéns por sua companheirinha de 4 patas! Ela é, certamente, uma peludinha amorosa porque você dá isso tudo a ela: amor, lar, compreensão, compaixão. Enfim, humanidade.
Quanto ao poder público, infelizmente, ainda engatinhamos nesse aspecto de proteção aos animais (irracionais). Contudo, evoluímos um pouco em relação à época em que
eu era criança, nos idos dos anos 1970.
Que possamos seguir nos conscientizando! Por isso, deixei hoje essa mensagem a você e a todos os demais leitores!
Abraço virtual.
Lindo texto, Mop!!! Essa defesa dos animais é sua cara mesmo. Parabéns. Beijos
Oi Liliane,
obrigada por sua leitura e pelo comentário! Eles merecem, certamente! O amor que eles têm por nós é extremamente puro!! Bjs e um afago no 4 patas peludinho e lindo, maravilhoso, aí!
Que texto lindo, quase chorei, porque tenho muita pena dos animais que ficam jogados pelas ruas, como se fossem lixo. Quando o cachorro da minha filha soltou das mãos dela e foi atropelado, o dono do veículo foi embora sem olhar para trás. Ficamos dias cuidando do cãozinho. Minha filha entrou em depressão, porque o cachorrinho teve que fazer duas cirurgias, ficar em observação e, quando voltou para casa, tinha que ser medicado, lavado, cuidado e tínhamos que trocar os curativos, e eu não tinha coragem nem de olhar os cortes do cãozinho. Meu genro se prontificou a cuidar dos curativos durante a noite e, durante o dia, levávamos o cãozinho ao veterinário, dentro de uma caixa, para que ele não se mexesse. Foram meses de angústia, sofrimento e medo do cachorrinho morrer. Hoje vejo o cachorro alegre correr pelo quintal, e vejo o quanto foi importante o cuidado que tivemos com ele.
Querida Cleyde,
obrigada por seu relato. Imagino o quanto todos sofreram com o episódio. A alegria que vocês têm hoje ao verem o cãozinho saudável na companhia de vocês, certamente, o motorista que o atropelou jamais terá. A omissão de socorro só é crime quando é com ser humano. Infelizmente, a legislação brasileira ainda tem que melhorar muito… Fiquemos na torcida para que as pessoas percebam que os nossos animais são uma verdadeira dádida; são terapêuticos! Eu que o diga! Tenho 9 gatos e 1 cãozinho. Abraço virtual pra você e toda a família (incluindo o 4 patas peludinho, claro!).
Respeito e empatia são a base de toda relação, adorei o texto e já observei moradores de ruas com seus fiéis animais de estimação. Quanto ao aumento do número de animais abandonados em vias públicas, ontem mesmo uma colega de trabalho relatou que por gostar de animais toda semana tem recebido pedido de ajuda para animais abandonados, sendo que muitos estão pele e osso! Muito triste essa dura realidade.
Oi Ana Valéria,
muito obrigada por sua leitura, pelo comentário, o qual nos leva a uma profunda reflexão. Há hoje uma dura realidade que assola o nosso país. A miserabilidade extensiva aos irracionais… A sorte de todos é que ainda existem algumas pessoas que se compadecem e, como sua companheira de trabalho, ajudam com frequência seja aos humanos ou aos irracionais. O que podemos fazer para minimizar o sofrimento alheio? Que podemos implementar leis que favoreçam aos animais irracionais? Quais as iniciativas que podem levar uma comunidade a se mobilizar a favor da vida? Estamos juntas, amiga! Abraço virtual repleto de boas energias!
MOBA
Seu texto, é excelente, sinto-me orgulhosa de participar das suas ideias.
Que o texto possa ser um alerta para as atitudes de muitos seres humanos.
Muito triste para os amigos de quatro patas, receberem um ato de abandono por quem sempre amaram.
Lembrei muito da minha cachorrinha, pude recordar todos os carinhos e atenções que tinha comigo e eu com ela.
Seu texto me levou longe e chorona como sou, vc já pode imaginar o “rio caudaloso” que aconteceu…
Eu já não penso em ter outra companheirinha, muito triste a separação, causa muito sofrimento.
E voltando ao texto, kkk, parabéns pelo seu trabalho, vc realmente faz a diferença no mundo, seu pensamento trás, com certeza, um impacto positivo para todos seus leitores.
Repito, um excelente trabalho!
Parabéns!👏🏻👏🏻
Querida Dilma,
sou muito grata por sua leitura e por suas amáveis palavras.
Certamente, sensível e amorosa como você é, deve ter imaginado o sofrimento de inúmeros seres indefesos por este nosso mundão afora, não é mesmo?
Uma pena que você não queira mais adotar nenhum(a) 4 patas peludinho(a)!! O ser adotado por você seria extremamente amado. Seria ganhar na loteria para qualquer um deles!
Sei bem o que é a dor da separação desses nossos incomparáveis companheirinhos(as), mas também sei que existem muitos esperando ansiosamente por um lar amoroso como o seu!
Repense com carinho e, quem sabe, poderá ainda fazer muitos animaizinhos felizes?
Ficarei na torcida aqui!!
Abraço virtual repleto de gratidão!!
Parabéns prima! Lindo texto! Animais não são propriedades ou coisas, são seres vivos que merecem nossa compaixão, respeito , amizade, apoio em todos os momentos.
Prima querida e linda do meu coração,
muito obrigada por suas sábias palavras!
Que elas possam sensibilizar a muitos seres humanos por este nosso mundão.
Abraço virtual repleto de boas vibrações!
Lindo texto Moba, parabéns.
Sempre carinhosa com os animais.
Querida Jacira,
obrigada por estar aqui entre os meus leitores seletos!
Os animais são a nossa alegria! A minha, em especial!
Abração saudoso e repleto de boas energias!
Ei, Monicat! Que bela reflexão! Seu texto, inclusive, me lembrou o filme AI Inteligência Artifical, no qual a mãe (humana) abandona o filho (robô) em uma mata. Pois bem, sabe o que acontece? Durante o filme inteiro o filho tenta encontrá-la. Imagino que a sensação de um animalzinho ao ser abandonado deve ser a mesma. Eu sinceramente não consigo entender quem faça isso, mas posso garantir que estarei ao lado dos meus até o fim.
Querida Isabela Bertho (ou Salete para muitos! Rs.),
excelente lembrança! E o agravante no caso dos nossos animais de estimação é que são de carne e osso… E, alguns, eu me atreveria a dizer, mais sensíveis que muito ser humano…
Também eu estarei junto aos meus 9 gatinhos e ao meu idoso London (16 anos!) até o finalzinho: deles ou o meu.
Muito obrigada por suas palavras, por expor aqui o seu pensamento, compartilhando o infinito amor que a une (ou nos une) aos seres ditos irracionais.
Abraço virtual repleto de boas energias!!