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Minha vida em 2 teras

Outubro é mês de aniversário de pessoas queridas e o meu também. É de se esperar que haja muito mais alegrias que tristezas, certo? Mais ou menos… Sim; muitas alegrias, é bem verdade! Término da reforma na véspera do “niver” – o que considero um presentão –, rever amigos queridos, conhecer pessoas maravilhosas, firmar novos e promissores laços de amizade, conseguir colocar alguns compromissos em dia etc. Entretanto, nem sempre só de alegrias vive o homem – a mulher também, claro – e, como prova disso, o que me aconteceu nem tão inesperadamente assim, já que ter gato(s) em casa é “quase” sinônimo de alguma “arte” acontecendo de inopino, levou-me às lágrimas pela excessiva preocupação em relação à situação.

Numa terça-feira, saí de casa em direção a uma cidade da região metropolitana de Belo Horizonte, como normalmente faço, no final da tarde, ciente do compromisso que tenho no comecinho da noite. O trânsito, no horário de rush, óbvio, não ajuda em nada. Naquela noite, em especial, retornei à casa esbaforida, passei pelo PC, liguei-o e, assim que pude, já ingressei na Live do meu grupo de pesquisa, cumprimentei aos companheiros de trabalho e fui rapidamente ao banheiro, retornando que estava de uma pequena viagem.

Nem bem iniciava o lavar as mãos, ouvi um barulho e pressenti o pior. Corri na direção da mesa onde estava o PC e vi que ele estava no piso e um gato extremamente assustado, ao lado. Meu coração congelou. O PC apagara. Imediatamente, desliguei-o da tomada, mas nem o fechei porque ele praticamente “fraturara” a conexão entre tela e teclado. Posicionei-o centralmente em outra mesa e, em estado de choque, tranquei-me no meu quarto e chorei.

Não me envergonho de dizer que fiquei tão abalada que só o choro poderia me aliviar naquela hora. Dormi sem jantar, meio exausta devido à preocupação, à angústia, à tristeza, ao temor, ao medo de ter perdido tudo que produzira nas duas semanas que correspondiam ao interregno do último backup em um HD externo de 2 teras.

No dia seguinte, acordei bem cedo e sem alarme para me despertar. A primeira lembrança que me veio à mente foi: “Estou sem o meu PC! Como vou continuar todos os meus trabalhos?”. Mesmo ainda sentindo aquela angústia no peito, fiz as minhas abluções matinais e já me dirigi diretamente para o ponto onde eu deixara na noite anterior uma carcaça de computador portátil parcialmente destruída. Com uma pontinha de fé no coração, pluguei o PC e levei à tomada a extremidade condizente com a ligação e esperei. Posso dizer que prendi a respiração e, quando vi que a energia elétrica penetrara nos circuitos do aparelho e o trazia de volta à (minha) vida, tive um frêmito de alegria e esperança. Com o meu HD externo de 2 teras à vista, aguardei pacientemente o momento de ingressar a senha de acesso e esperei uma eternidade até que pude ver com um lampejo de alegria contida, todas as pastas do meu desktop.

Assim que tudo se estabilizou, conectei o HD externo e verifiquei a data da última atualização que nele constava. Até então, ali havia somente as pastas de maior importância e que resumem alguns anos de trabalho, pesquisa e produção escrita autoral. Fiz a cópia de segurança, a partir de tal data, para cada uma das pastas. Logo após essa cópia finalizar – o que foi relativamente rápido –, eu parti para a cópia de todas as demais pastas do meu notebook e isso levou algumas horas, sob o meu monitoramento, ainda pensativa e sentindo um palpitar diferenciado cada vez que abria uma nova janela com um questionamento diferente.

Uma manhã inteirinha dedicada à consagração de minha atuação acadêmico-profissional por meio da cópia de meus documentos eletrônicos armazenados no PC; de uma certa forma, também, voltada à conservação de documentos e informações pessoais, produções escritas autorais e inúmeros outros pormenores que compõem a vida de várias pessoas – a minha também – e que pude, naquele dia especial, armazenar em 2 teras. Minha vida se compactou inteirinha, naquele momento, nessa capacidade de armazenamento.

Senti que posso ser reduzida: à minha própria impaciência, ansiedade, ignorância, preocupação, insatisfação, incredulidade. Pedi ajuda. Não saberia – jamais! – consertar o problema do meu PC. Precisava dele. Recém-saída de uma reforma, não queria me aventurar a comprar um PC novo; ademais, este que uso neste ato de relatar o ocorrido, ainda terá serventia por um bom tempo!

Amigos são úteis em qualquer situação (boa ou ruim) e não foi diferente desta feita, ao ter uma preciosa indicação, vinda de uma companheira de meu grupo de pesquisa. O técnico que ela indicou atendeu-me prontamente, embora ainda enlutado pela recente perda do pai (“Receba os meus mais sinceros sentimentos!”), e conseguiu resolver o problema da carcaça do meu PC em menos de 2 dias!

Acredito que a sorte me sorriu, deixando-me ver o lado bom das coisas, mesmo nas situações adversas; não fosse pelo acidente com o PC, eu não me tornaria uma pessoa ainda mais precavida com a guarda de documentos eletrônicos de grande importância. Exatamente por isso, aí fica o meu conselho: jamais se esqueça de fazer o backup de suas pastas/arquivos mais importantes, pois os computadores são falíveis e nem sempre se terá a sorte de conseguir recuperar todos os nossos documentos que estiverem dentro de um notebook, caso ocorra algum problema com o aparelho.

Paro por aqui, desejando-lhe(s) um final de mês de muita paz e alegria.

MoBa – 25out2021