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Castração

Dois dias depois da castração da minha gatinha Flor de Maio, chorei muito. Não apenas porque sou chorona, mas também por me perceber velha e inábil para lidar sozinha com a situação da troca de curativo e faixa de um animal extremamente agitado – talvez por estar com fome, pois não estava ainda 100% adaptada ao colar elizabetano – e vulnerável pela cirurgia recente.

Não posso sequer justificar-me dizendo que sou marinheira de primeira viagem, pois não sou. O primeiro gato que levei para castração foi o Amarelinho. Este é um animal de rua que foi chegando, chegando… E acabou ficando: adotou-me como tutora dele.

Depois do Amarelinho, vieram 4 de uma só vez, pois a mãe deles, recém-parida, foi morta por um Chow Chow de uma vizinha que deixa o animal solto na rua e o irracional atacou e matou a mãe dos filhotinhos que foram resgatados e adotados incondicionalmente por mim. Todos machos: Ewê, Xareltom (idênticos!), Xerox (parecido aos dois primeiros) e Cajá – o mais diferente de todos: é preto e branco, enquanto os irmãos têm algo de siamês.

Do nada, passei a ter 5 gatos em casa e parti em busca das adaptações necessárias para não perturbar a vizinhança e tampouco contribuir para a disseminação de animais soltos pelas ruas. Coloquei rede de proteção na área em que eles ficam; exceto o Amarelinho que entra e sai quando eu também faço o mesmo no espaço que é por eles ocupado. Assim que os 4 irmãos chegaram à fase ideal para a castração, cujo limite mínimo é de 6 meses, levei-os um a um para a castração.

A carência dos animaizinhos no período pós-operatório é incrível. Ficam se “derretendo” por um afago e, claro, precisam de atenção redobrada, para que possam de fato se alimentar e hidratar, alcançando as vasilhas de comida e água de forma adequada. Tenho um dó enorme de vê-los com o colar e trombando nas coisas, mas sei que é para o bem deles.

Depois desses 5 vieram ainda Feliz (totalmente preto e irascível); Atchim (um adotado bem doentinho, amarelo e branco), castrado no mesmo dia em que Flor de Maio, mas não está dando trabalho algum. Um verdadeiro santo! Dá gosto inclusive, vê-lo recebendo as injeções com as medicações. Não reclama, não esperneia. Apenas retorna com mais agilidade para a caixa transportadora.

Mas a Flor de Maio… Essa dá trabalho para dois profissionais veterinários e, claro, não pode ser atendida na sala de triagem, porque corre-se o risco de ela fugir. É muito esperta! E olha que foi jogada fora muito doentinha e tive um trabalhão tratando dela, tão miudinha quando chegou, que cabia na palma da minha mão!

Ela é a primeira fêmea felina que é castrada sob a minha tutoria e, claro, parece-me que é a primeira vez que lido com a castração de um gato. Ainda resta um para passar pelo processo: Treze (irmão da Flor de Maio). Uma maciez no pelo e na personalidade. Meio sonso às vezes, pois finge que não é com ele a ordem de “Desce daí!”. Mas é amoroso por ele e por todos os 8 outros gatos da casa.

Amores felinos são uma experiência que eu já tinha tido antes, na infância, mas havia sido frustrada e mal resolvida. Retornaram na minha terceira idade com força total e, claro, não posso negar: são uma excelente companhia!

Moba Nepe Zinid – 12set2021