11 do 11
Um simples número que duplica o um: onze. Ou, em inglês: “eleven”; ou em italiano: “undici” – algo como “um + dez”; ou em espanhol: “once” (que faz lembrar onça em português. Rs.); ou em alemão: “elf”, cujo som é próximo a “efe”. Mas pode ser um conjunto de símbolos pouco significativos para quem não sabe o russo: одиннадцать e o
som é algo menos difícil que a escrita (para esse caso!): “odinnadtsat”.
Um número simples ou mais de um tipo de jogo. O chamado “Jogo do onze”, que é assim descrito: “Os jogadores tentam esvaziar suas mãos, jogando fora a carta de partida em um padrão de grade sobre a mesa. O número e cor de uma carta determina onde ela pode ser colocada, e os jogadores podem jogar várias cartas por rodada ou conter qualquer número de cartas como uma decisão tática. O jogo começa com o 11 vermelho em cima da mesa”. Tem ainda o “Onze por onze”, um quebra-cabeças criado por Famobi, um grande criador de jogos da Alemanha. Este jogo consiste em “um quebra-cabeças de blocos jogado num raro tabuleiro de 11 x 11. Tal como em jogos de quebra-cabeças de blocos semelhantes, o objetivo principal do jogador é ganhar o máximo de pontos possível criando linhas e colunas no tabuleiro”.
Neste dia em que há uma similaridade com esses dois jogos citados, 11 do 11, lembranças mais fortes e, igualmente, relacionadas ao 11, me vêm à cabeça. Foi no mês onze que meu marido retornou à Pátria Espiritual. Quando ele se foi, tínhamos vivido onze anos juntos. E juntos como o 1 se cola ao outro 1 para formar o onze. Trabalhávamos no mesmo tipo de serviço e no mesmo setor; tirávamos nossos plantões juntos; passávamos todo o tempo assim: juntos. E, coincidência ou não, neste mês, neste ano, completam-se os onze anos desse retorno dele ao mundo espiritual.
Quem sabe cai o número onze na loteria desta semana? Com a sorte apontando para o meu lado na ponta dos duplos números um, acho que posso até tentar. Afinal, ganhei hoje um brinde (faca) numa raspadinha! Ou, talvez, com esse período de separação se igualando ao de convivência, quem sabe seja um sinal de que agora estou livre para uma nova união?
Juntar um com outro um, formando algo uno, porém diferente. É interessante como essa união de dois iguais traz um novo e diferente; lembra gêmeos, mas mantidas as devidas proporções, não é nada além de um número ao lado do outro. Talvez sejam as minhas lembranças e a possibilidade de uma nova vida a dois (ou seria a 1 + 1? Rs.) que se confundam e me façam ver números diferentes, simbologias diversas, línguas que se distanciam, mas se aproximam, saudades que se transmutam em letras, números, histórias novas, velhas, eternas.
Dedico este texto, neste dia de sua publicação, aos 11 anos de feliz, harmônica e divertida convivência com meu marido e, no próximo dia 15, quando se completam os 11 anos de sua partida, como uma despedida suave e serena, deixando que ambos: uma Mônica e um espírito, possam ser agora a lembrança de que já formaram um duo (II em romanos), um onze. Sejamos felizes!
MoBa NePe Zinid – 11-11-2023 (números que, somados, são iguais a 11!!)
Lindo texto, linda história! Me emocionei, obrigada
Estimada Professora Maria Cristina,
muito obrigada por suas amáveis palavras.
Um privilégio saber que se emocionou ao ler minha escrita singela.
Envio-lhe boas energias!
Belo texto, Moba.
A pátria celestial, certamente, recebeu uma pessoa incrível. Sempre que falas de seu esposo é perceptível o singelo encontro de almas que foi sua história de amor.
Estimado Professor José Wellisten,
recebeu sim!
O bom de ter sido um encontro de almas é que poderá haver reencontro.
Obrigada por ser um leitor constante e, claro, por suas amáveis palavras!
Envio-lhe(s) boas energias!
Moniquinha,
É um presente ouvir sobre esse amor tão lindo. Sempre que você se lembra e conta alguma história, eu só vejo carinho e alegria. É de encher o coração!
Já dizia Beto Guedes, em O sal da terra: “um mais um é sempre mais que dois”!
Grande beijo,
Rafa.
Querida amiga Rafaela,
obrigada por sua assiduidade como leitora neste blog, no qual tento manter memórias de tempos pretéritos (remotos) e nem tão distantes assim.
Hoje, a alegria, o carinho, o companheirismo que tivemos o privilégio de compartilhar meu marido e eu se transformaram em boas e sensíveis lembranças que tenho a satisfação de trazer para este espaço público.
Fico feliz de poder me aproximar de Beto Guedes nesses meus escritos despretensiosos.
Saudades de você e de seu querido e amadíssimo companheiro. Não vejo a hora de todos vocês voltarem para BH para podermos prosear tarde e noite adentro!
Abraços desde minha BH quente apesar das chuvas bem-vindas (e aqui desaguadas),
MoBa NePe
Moba
Seu texto está lindo! Emocionante!
Esta frase, melhor, este verso que você escreveu “E juntos como o 1 se cola ao outro 1 para formar o onze”, me lembrou um trecho do Grande Sertão:
“Vou reduzir o contar: o vão que os outros dias para mim foram, enquanto. Desde que da rede levantei, com aquele peso anoitecido, amanhecido nos olhos. Tempo de minha vazante. A ver como veja: tem sofrimento legal padecido, e mordido e remordido sofrimento; assim do mesmo que tem roubo sucedido e roubo roubado. Me entende? Dias que marquei: foram onze.”
Querida Simone,
obrigada pela leitura e pelo comentário.
Estou impressionada por você ter feito esse paralelo entre trecho de meu texto e um de Grande Sertão Veredas, do nosso querido Guimarães Rosa.
É a segunda vez em minha vida que recebo uma honraria desse naipe! A primeira vez foi em um Prefácio, em francês, ao ser comparada a ninguém menos que Voltaire!
Desse jeito eu acabo acreditando que minha escrita é boa! Rs.
Envio-lhe boas energias e lhe desejo (e aos seus) um lindo fim de semana!
Abração.